Os trajos são o espelho do potencial etnográfico representativo de um modo de estar específico deste povo e desta época de onde ressalta, acima de tudo a sobriedade e a humildade.
O rancho encontra-se trajado de camponeses e de camponesas em trajos de semana e de Domingo, tentando representar os usos e costumes dos camponeses habitantes da aldeia de Linhaceira, no período entre 1890 e 1930.
Nos trajos masculinos encontramos : o cotim, o surrubeco castanho, preto ou cinzento e a fazenda de lã cor preta.
Refira-se também o facto, de se encontrar na posse do rancho um importante mostruário de retalhos de tecidos variados, usados pelas costureiras da aldeia.
Para a feitura destes trajos procurámos os seguintes tecidos:
Nos trajos femininos de semana/ Trabalho:
- As blusas de chita ou de riscado em cor escura.
- As saias de riscado de cores escuras.
- Os lenços de merino.
- Meias de fio de algodão de cor castanha ou cinzenta.
- Sapatos de couro ensebado, abertos ou fechados, de tacão liso.
- Tecidos recolhidos que eram usuais neste trajo: o linhol em aventais e bainhas postiças das saias, o tecido de sarja de algodão e o riscado e a chita.
Nos trajos femininos de Domingo:
- As blusas de chita, em tons mais alegres ou as de piquê.
- As saias de fazenda de lã escura do tipo estamenha, e de castorina.
- Meias de cor branca, de fio de algodão, arrendadas.
- Sapatos de cor pretos ou castanhos de vitela polida, abertos ou fechados e de tacão liso.
- Tecidos recolhidos que eram usuais neste trajo: riscado, a popelina, tecido de sarja, o piquê de algodão, o brocado, gorgorina, tobralco, chita e fazenda.
Roupa interior feminina:
- Encontramos bonitos recortes de costura em todos os saiotes, colotes e corpetes em tecido de algodão quase sempre de cor branca (ex. alinhado) ou de flanela no caso de serem de semana.
- Cuidou-se de não desprezar qualquer tipo de pormenor relativamente a feitios, botões, rendas, nastros e fitas de algodão de várias cores e bordados.
- Tecidos recolhidos que eram usuais neste trajo: tecido de algodão quase sempre de cor branca e o pano cru.
Nos trajos masculinos de semana / Trabalho:
- O cotim escuro ou o cotim militar.
- Camisas de riscado.
- Meias de cor escura em fio de algodão.
- Botas de couro, cardadas e ensebadas, de cano curto e tacão liso, assim como sapato de couro ensebado e de tacão de prateleira.
- Tecidos recolhidos que eram usuais neste trajo: os riscados, o cotim militar, o cotim liso ou de fantasia.
Nos trajos masculinos de Domingo:
- O cotim preto;
- A fazenda de lã preta;
- O surrubeco em cores castanho, cinzento ou preto.
- Para as camisas o paninho de cor branca, popelina, alinhado, riscado de cor clara e de melhor qualidade.
- Meias de cor escura em fio de algodão.
- Botas de calfe de cor preto ou castanho, polido, de cano curto e tacão liso, assim como o sapato de calfe em cor preto ou castanho polido, com tacão de prateleira.
Outros tecidos usados neste trajo:
O forro acetinado para os coletes e jaquetas, o linho e estopa de linho, o veludo inglês, as fazendas de lã de cor preta, o sarzalim e o tecido de sarja de lã.
Como peças integrantes do trajo masculino:
- O barrete preto de malha de lã.
- A cinta de lã preta franjada.
- O lenço vermelho “tabaqueiro”.
- O chapéu de feltro preto de aba larga de 8 a 12cm e de copa redonda.
Como adereços do trajo masculino:
O lenço branco bordado nos trajos de Domingo e os paus que são do uso de todos os homens.
Utensílios:
O material de lavoura continua a ser recolhido na esperança da sua catalogação e tratamento num espaço que o rancho ainda não dispõe. O RFL transporta as tradicionais fogaças e tabuleiros das festas, porque são feitas com desvelo e carinho e constituem um das principais artefactos tradicionais desta aldeia.
Nota:
Os trajos descritos são produto da informação oral de fontes vivas nascidas nos meados do século 20, consulta de fotos de família e do acervo da aldeia e tentam descrever em pormenor o modo de vestir de homens e mulheres desta aldeia entre 1890 e 1930.