Transcrição de excertos de um documento original encontrado no decurso das recolhas.
“Pedaços da nossa História”, autor desconhecido, Linhaceira, Maio de 1993
“…O grande anseio da população dos Casais de Linhaceira (a nossa terra era constituída por casais perfeitamente definidos), vai-se concretizar: a construção da capela.
Sabemos das razões que levaram á construção da Capela, pois neste caso repetem-se: os deslocamentos a pé por sinuosos caminhos, para ir á missa, á catequese, aos baptizados e casamentos, sempre na igreja paroquial. A juntar a isto deve-se ainda contar que, alienadamente com a Roda Grande e Roda Pequena, realizar uma festa, isto porque não tínhamos capela.
Quando em 1926 se pôs mãos á obra, contou-se com logo com uma preciosa ajuda: a doação do terreno por João Alves. Dois grandes dinamizadores e orientadores foram o pároco de Asseiceira – Sr. Padre Mata e o Sr. Conde de Nova Goa – Sr. Dom Luís Filipe De Castro, proprietário da quinta da Bezelga de Cima, vulgo Quinta de Cima.
Uma comissão foi nomeada para dirigir as tarefas e obter materiais. Estes foram aparecendo: cozia-se telha e tijolos nos diversos fornos existentes nas redondezas, a pedra ia-se arrancando á custa da marreta e do guilho; as madeiras vinham dos pinhais, sobretudo das Quintas de Cima e do Vale; no local onde os serradores abriam os toros.
De capelas antigas, talvez particulares, vieram as seguintes peças: a talha do altar; o púlpito; as pedras separadoras do altar-mor do corpo principal e as colunas do coro. Há quem diga que vieram de uma capela existente numa propriedade do Sr. Conde de Nova Goa, perto de Lisboa, outros dizem que vieram de uma capela particular da família Mendes Godinho, sita em Tomar.
Do Sr. Conde de Nova Goa veio também a imagem de N.ª. Senhora do Conforto dos Aflitos, a qual veio da capela da quinta de cima, de onde em procissão, passou pela Asseiceira e foi benzida na igreja paroquial. Veio depois em procissão para a Linhaceira tendo sido este o primeiro serviço da irmandade criada. Estávamos no dia 30 de Maio de 1928, dia em que se deu a inauguração. Seguiram-se dois dias de festa com a participação da banda do Outeiro Grande, cujos músicos ficaram cá durante esses dias. Recorde-se que a capela foi iniciada em 1926 e terminada em 1928, tendo o trabalho sido feito com esforço pelo povo da nossa terra e a generosidade dos referidos em cima.
Como disse, o tijolo foi feito de graça pelos forneiros da nossa terra, num forno existente no caminho para o vale da vinha, depois do povo amassar o barro. Ainda restaram algumas dívidas, nomeadamente ao Sr. António Lopes, bem como a pedreiros e carpinteiros. Estas ficaram saldadas com os lucros das festas seguintes…”
No entanto, a actividade de maior interesse lúdico na Linhaceira é sem dúvida o Carnaval. O carnaval da Linhaceira é hoje o carnaval mais famoso e mais típico do concelho de Tomar.
A população recorre à sua carolice, imaginação e habilidade para se organizar em pequenos grupos, que decoram um carro alegórico, ou de outra maneira que acham conveniente para participar no cortejo, que atrai todos os anos centenas de pessoas a esta localidade e que constitui sem dúvida o ex-libris desta aldeia.